Acabou a recessão. Pelo
menos é o que afirma categoricamente o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, após divulgar o resultado do Produto Interno Bruto do primeiro
trimestre de 2017, apontando um crescimento geral de 1% na economia brasileira,
depois de dois anos consecutivos de resultados negativos. Trata-se de uma notícia nada desprezível,
levando-se em conta a crise política em que o país vive mergulhado exatamente
desde este período, mais ainda agora com a possibilidade iminente da
destituição do segundo Presidente da República em pouco mais de um ano. Se o
Brasil institucional vive uma das piores crises de sua história, o Brasil real
vai mostrando solidez e musculatura impressionante para – ainda que timidamente
– começar a vencer a terrível crise econômica.
O setor responsável por estes resultados satisfatórios é
o agronegócio, o que, convenhamos, já não é surpresa. O crescimento do setor em
relação ao trimestre anterior foi de 13,4%, em função especialmente da safra
recorde – mais uma – que sustentou praticamente todos os demais elos da cadeia
macro-econômica. Embora a Indústria
ainda tenha desempenho oscilante e o setor de Comércio e Serviços siga decaindo
na esteira do forte desemprego, os números demonstram o acerto das reformas
aprovadas até o presente momento e o desenho de um caminho para retomar o
crescimento.
Com números assim tão expressivos, o senso comum imagina
que os produtores rurais estejam, literalmente, nadando em dinheiro. Ledo
engano. Para a imensa maioria dos produtores que ajudou a tirar o país do
atoleiro, a tão decantada “supersafra” virou pó. Se há não poucos anos a saca
de soja valia oitenta reais, hoje comercializada no porto de Rio Grande a
cinqüenta e sete reais, há uma sensível perda no preço final do produto. E isto
é verdadeiro também para outras cadeias produtivas, onde o preço final não
compensa o custo de produção. Assim, o valor da “super-safra” vai-se embora no
custo do insumo. E não há uma única medida que esteja sendo pensada para
reverter essa verdadeira sangria, como se o produtor rural fosse a única
atividade profissional sem direito a ganho. Enquanto todas as formas de vida se
alimentam, invariavelmente, do que produz o agronegócio, o produtor não pode se
alimentar da sua própria atividade. E sem renda, nenhuma atividade sobrevive.
As super-safras forem boas para as contas do governo e
ruins para as do produtor. Este modelo não é sustentável, e uma hora, vai
desabar. É preciso que as autoridades econômicas saiam de suas torres de marfim
e analisem a fundo essa questão. Entretidos que estão com os ovos de ouro do
agronegócio, podem uma hora dessas acabar matando a galinha poedeira – e o fazendeiro junto.
Tarso
Francisco Pires Teixeira
Presidente
do Sindicato Rural de São Gabriel
Vice
Presidente da Farsul
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