Os opositores do atual governador
do Rio Grande do Sul, sempre fazem questão de recordar que ele, quando ministro
da Educação, assinou a lei que definia o Piso Nacional do Magistério,
iniciativa parlamentar de autoria do senador Cristóvam Buarque (PDT). Na época,
o governo do Estado evocou a inconstitucionalidade da lei, e ganhou,
naturalmente, a antipatia da opinião pública, que não costuma se preocupar em
como o Poder Público fechará suas contas. Diligentemente, o então candidato ao
governo garantiu que pagaria o Piso, ele próprio ressaltando que a lei levava
sua assinatura. Passados quatro anos de um
mandato conquistado em cima desta promessa, o que os educadores possuem
é um completivo salarial que eleva o salário aos padrões do piso, mas que não
conta para aposentadoria ou qualquer outro benefício. Piso, de fato, não
existe.
Pois
não é somente neste episódio mais conhecido que Sua Excelência tornou-se
pródigo em desdizer sua própria obra. Pouco depois de ser ministro da Educação,
polivalente que é, assumiu o Ministério da Justiça, onde implantou uma grande
vitrine chamada PRONASCI – Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania.
Um dos serviços vinculados a este programa visava especialmente o Estado que
desejava governar – o Pronasci Abigeato. Fotos de viaturas novas entregues à
Brigada Militar circularam por órgãos de imprensa de todo o Estado, e por algum
tempo, surgiu a esperança de que o combate aos crimes rurais seria mais efetivo
em um eventual futuro governo.
O
futuro governo tornou-se governo de fato, e o que temos é um paradoxo: as
viaturas concedidas pelo ministro estão sucateadas nas mãos do governador, que
por sinal é a mesma pessoa. Falta de manutenção mínima, ausência de
investimentos, desaparelhamento completo tanto da polícia ostensiva quanto da
polícia judiciária, que procede as investigações, corrobora para a realidade de
hoje: a profissionalização do abigeato e do crime rural, não mais cometido pelo ladrão de gado que
pula cercas de arame, mas por quadrilhas
organizadas que entram nas propriedades com caminhões, levam rebanhos inteiros,
assaltam as sedes das propriedades, e isso, ás vezes, em plena luz do dia. E a
este respeito, o que faz o senhor governador? Para apagar incêndios junto à sua
base aliada, manda votar aumentos para os servidores da segurança pública, com
impacto real somente a partir de 2015, deixando o impacto para o futuro
governador, que pode ser ele mesmo. Sim, mas para quem está acostumado a
descumprir a própria palavra conforme o cargo que exerce, não será difícil
jogar também esta nova responsabilidade para as calendas gregas.
E
enquanto isso, o campo e a cidade seguem sem segurança pública de qualidade. E
a todas essas, o povo pagando impostos...
Tarso Francisco Pires Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de
São Gabriel
Vice
Presidente da Farsul