segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Soja: o quadro pode mudar (Artigo)


A próxima safra tende a ter custos mais elevados e preços médios finais menores que a precedente
E m meados deste mês de setembro os preços médios da soja, no balcão gaúcho, voltaram aos melhores momentos da era do real, em termos nominais. A média gaúcha, nesta forma de comercialização, atingiu a R$ 80,24, valor somente encontrado em junho de 2016, quando o saco chegou a bater em R$ 83,78. Aliás, a safra 2017/18, em boa parte, foi comercializada em um ambiente positivo (entre R$ 70,00 e R$ 80,00 o saco), com seu valor, a partir da terceira semana de março, rompendo o teto dos R$ 70,00, a partir de um câmbio médio de R$ 3,30 em março e abril, valores em Chicago entre 10,00 e 10,50 dólares o bushel e prêmio médio em Rio Grande, entre abril e junho, entre 1,25 e 1,70 dólar pelo bushel, já por conta do início do conflito comercial entre os Estados Unidos e a China.
Entretanto, para a nova safra 2018/19 esta realidade pode ser menos positiva.
Por quê? Em primeiro lugar, porque Chicago recuou muito, estando nos piores níveis dos últimos 10 anos, e não dá indicativos de que suas cotações devam se alterar. O próprio USDA, em seu relatório de 12 de setembro, aponta um patamar de preços aos produtores estadunidenses entre 7,35 e 9,85 dólares pelo bushel para 2018/19 - média de 8,60 dólares/bushel - contra a média de 9,35 dólares em 2017/18 e 9,47 dólares em 2016/17.
Em segundo lugar, passadas as eleições no Brasil, a chegada de um novo governo tende a diminuir a especulação cambial (embora isso dependa muito de quem será eleito). Nota-se que o mercado espera um câmbio a R$ 3,70 para o final de 2018. Enfim, mesmo com a continuidade do litígio entre Estados Unidos e China, os prêmios em nossos portos devem diminuir pela pressão da entrada da nova safra nacional, hoje prevista em 120 milhões de toneladas se o clima ajudar. A partir de janeiro de cada ano, quando a colheita nacional se inicia, o prêmio no porto de Rio Grande, em média, oscila entre 0,65 dólar/bushel e 0,75 dólar/bushel.
Considerando a continuidade do litígio comercial, podemos esperar prêmios entre 0,80 dólar e 1,20 dólar, pelo menos até maio de 2019.
Nestas condições, aparentemente normais, o preço da soja no balcão gaúcho, no momento da colheita, em abril de 2019, tende a ficar, na média, entre R$ 65,00 e R$ 70,00 o saco.
Salvo surpresas, a armadilha da próxima safra está posta: a mesma tende a ser com custos mais elevados (a safra anterior foi feita com um dólar médio de R$ 3,16, enquanto a atual está sendo feita, no geral, a um dólar entre R$ 3,80 e R$ 4,10) e preços médios finais menores do que a safra precedente, atingindo particularmente aqueles que não realizarem uma média adequada de comercialização de sua futura safra (no Rio Grande do Sul, segundo Safras & Mercado, até o dia 06/09 apenas 11% da safra futura havia sido negociada, contra 16% na média histórica).

Bloco busca convergência


A convergência regulatória no uso de insumos agrícolas entre os países do Mercosul foi um dos principais pontos de debate da 36ª Reunião do Conselho Agropecuário do Sul. O encontro se encerrou ontem, em Buenos Aires, e resultou na assinatura de seis declarações pelos ministros da Agricultura do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile. Além da convergência, as declarações buscam a abordagem comum sobre limite de resíduos em alimentos, recursos fitogenéticos, técnicas de edição gênica e acesso a mercados de produtos geneticamente modificados. Segundo o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, no conjunto dos países do Mercosul há pelo menos 1,4 mil tipos de insumos cujas regras de uso não coincidem com as brasileiras. Maggi defende a harmonização das regras, atendendo uma reivindicação dos produtores, qu e reclamam do impacto nos custos de produção gerado por esta discrepância. "Queremos harmonizar a legislação e ser mais rápidos no comércio", disse o ministro. Consultor da Farsul, o agrônomo Ivo Lessa lembra que culturas como o arroz e a soja são muito afetadas pela desigualdade de regras. Lessa destacou que a harmonização é necessária para que os custos de produção não deixem o produtor brasileiro "em desvantagem na competitividade por preços".

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Projeto 'Jovens em Campo" debate mitos do agronegócio



A Associação e Sindicato Rural de Bagé sediou, ontem, a terceira edição do projeto 'Jovens em Campo'. O evento teve como tema a importância da inovação e das novas lideranças tratando da desmistificação dos mitos do agronegócio. Na ocasião, o médico veterinário egresso da Urcamp. Rafael Leal Macedo, foi empossado como presidente da comissão jovem da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul).
De acordo com o presidente da Associação e Sindicato Rural. Rodrigo Moglia, foram realizadas várias palestras e debates durante todo o dia. Ele destaca que há muitos mitos em torno do agronegócio, principalmente no que trata do uso de agrotóxicos, segurança no uso de insumos, manejo animal e da importância do associativismo para o produtor rural. "É importante debater esses temas e preparar as futuras lideranças. Se não nos defendermos, quem o fará?" questiona.
Um dos palestrantes foi o doutor em Produção Animal pela Universidade Melboume, na Austrália, e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). José Fernando Piva Lobato. O especialista falou sobre os benefícios da carne na saúde humana e o bem-estar animal. O engenheiro agrônomo abordou sobre as variáveis e boas práticas de manejo para a produtividade e também sobre exportações de animais vivos. "Os bons tratos correspondem a um aumento da produção e qualidade do produto que chega na mesa do consumidor", relata.
Além deste tema, foram tratados a importância das exportações na rentabilidade do produtor, pelo economista chefe do sistema Farsul, Antônio da Luz. Já o jornalista Nicholas Vital abordou o tema "Agradeça aos agrotóxicos por estar vivo". O chefe da divisão de inovação e Ações Especiais do Senar RS. Taylor Favero Guedes, apresentou a conexão entre startaps e Ag Tech e produtores rurais, e o presidente da Farsul. Gedeão Pereira, falou sobre liderança, papel da Farsul no cenário político, a atividade classista e a importância do posicionamento forte no setor.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

CNA participa de Diálogo Agrícola Brasil-Argentina


A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou do 2º Diálogo Agrícola Brasil-Argentina, nesta quarta-feira (05), em Buenos Aires.

O evento discutiu a agenda bilateral e os principais desafios dos dois países no comércio internacional, entre eles a questão das indicações geográficas na União Europeia e o arcabouço regulatório cada vez mais restritivo promovido pelo bloco europeu, que tem aumentado a criação de barreiras às exportações brasileiras e argentinas.

A CNA foi representada no encontro pelo presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e diretor responsável pela área de Relações Internacionais da CNA, Gedeão Pereira. Ele participou da cerimônia de abertura junto ao presidente da Sociedade Rural Argentina (SRA), Daniel Pelegrina, e do embaixador do Brasil na Argentina, Sérgio Danese.

Em seu discurso, Gedeão exaltou o lema “juntos para competir”, chamando a Argentina e os demais parceiros do Mercosul para conquistar mercados em parceria. Ele reiterou a importância da Ásia para o Agro regional afirmando que os esforços dos parceiros têm que se voltar mais pra aquele continente.

“Para conquistar esses mercados fundamentais é necessário estarmos permanentemente dialogando entre nós. Temos que nos entender para que juntos cheguemos no mundo como um bloco extremamente importante, creio que o mais importante na futura produção de alimentos”, afirmou Pereira.

No painel moderado pela assessora de Negociações Internacionais da CNA, Camila Sande, a secretária de Mercados Agroindustriais da Argentina, Marisa Bircher, defendeu a breve conclusão do acordo Mercosul – União Europeia.

“Ela ressaltou a importância de acelerar também outras negociações como Coreia do Sul, Canadá e com a Área de Livre Comércio da Europa, alegando que passaríamos a comercializar com 30% das economias mundiais no lugar dos 10% que temos como parceiros atualmente”, disse Camila.

Entre os encaminhamentos do encontro houve o pleito formal dos uruguaios e paraguaios para que o evento seja ampliado à participação deles. Além disso, brasileiros e argentinos deverão promover uma missão comercial para a Malásia e China, em novembro. A ideia é que Uruguai e Paraguai também participem para fortalecer ainda mais o comércio extra bloco.

CNA solicita ao BNDES ajustes no programa de composição de dívidas rurais

Dirigentes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) se reuniram nesta quinta (6), no Rio de Janeiro, com representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para propor ajustes em uma linha de crédito da instituição que permite a renegociação de dívidas rurais.
O tema foi discutido com o chefe do Departamento de Canais de Distribuição e Parcerias da Superintendência de Áreas de Operações e Canais Digitais do BNDES, Caio Barbosa Araújo. A CNA solicitou alguns aprimoramentos para incluir mais produtores nas renegociações no âmbito do Programa BNDES para Composição de Dívidas Rurais (BNDES Pro-CDD Agro).
Esta linha de crédito é repassada pelo BNDES aos bancos para permitir a liquidação de passivos de produtores com as próprias instituições financeiras e fornecedores de insumos.
"A reunião foi bastante oportuna para tratarmos do aprimoramento do programa de composição de dívidas rurais, mas também para abrir um canal de comunicação mais estreito e efetivo do BNDES com o setor agropecuário através da sua porta-voz máxima que é a CNA" , afirmou o vice-presidente da CNA, Muni Lourenço.
A partir do dia 19 de setembro o banco passará a acatar os pedidos de renegociações das instituições financeiras que operacionalizarem a linha.
"Pedimos que sejam inclusas as dívidas mais antigas dos produtores rurais, contratadas entre 2009 e 2016, que hoje não estão inclusas nesse programa e que foram ajuizadas ou estão a prejuízo nos bancos. O BNDES disse que vai estudar essa proposta," destacou Pedro Loyola, presidente da Comissão Nacional de Política Agrícola da CNA.
"A CNA também solicitou ao BNDES a inclusão das dívidas de custeio contratadas até dezembro de 2017 e financiamentos feitos a partir da emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA)" , reforçou Loyola.
Também participaram do encontro o presidente da Comissão Nacional de Café da CNA, Breno Mesquita, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG), Bartolomeu Braz Pereira, e a assessora técnica da Comissão Nacional de Política Agrícola, Fernanda Schwantes.