quarta-feira, 18 de abril de 2012

MST

MST: FINALMENTE CONCORDAMOS!

            Ao longo de praticamente sete anos escrevendo em jornais sobre temas como política rural, reforma agrária e defesa da propriedade, fui muitas vezes chamado de “polêmico” ou “radical”, apelidos vazios que facilmente são dados a quem tem opiniões claras, num país onde há um apreço enorme pelo “murismo” travestido de isenção. Entretanto, pela primeira vez em muitos anos, as circunstâncias me levam a escrever um artigo em que “concordo” com o MST. Ou melhor, eles que, ao fim de sete longos anos, acabam concordando com coisas que venho dizendo há anos, ainda que de forma canhestra. Sim, porque até quando parecem estar certos, os agro-terroristas do MST o fazem por razões erradas.
            Nas novas invasões deflagradas em todo o Brasil por conta da edição 2012 do “Abril Vermelho” (num país como o Brasil, crime se dá em temporada e edição anual), o “movimento” reclama do Governo Federal e do Incra, por ter simplesmente “jogado” os assentados nas áreas rurais desapropriadas, sem qualquer infra-estrutura. De fato, os assentamentos feitos pelo Governo Lula na região de São Gabriel, por exemplo, não possuem redes de água potável, luz elétrica nem nenhum outro serviço básico, apesar de o então ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, ter prometido pessoalmente que em São Gabriel seria implantado “o grande modelo de assentamentos rurais do governo Lula”. De fato, o modelo está aí: improdutividade, atraso social, miséria e perda de renda.
            Finalmente, depois de sete anos, o MST concorda com o que nós e outros líderes rurais alertávamos a vários anos: a reforma agrária é uma política retrógrada, nefasta e infrutífera para o país, feita apenas para esconder no fundo dos campos a miséria social das grandes periferias urbanas, de onde vem a grande massa de militantes do MST. Um desperdício infindável de dinheiro público para assentar famílias sem qualquer vocação ou capacitação para a atividade rural, que simplesmente não produzem nem o suficiente para seu sustento, sobrevivendo de cestas básicas e bolsas específicas da União. Uma legião de estado-dependentes.
            Continuo pensando o mesmo de sempre. Continuo crendo que este dinheiro seria melhor investido em fornecimento de infra-estrutura para os pequenos produtores rurais, verdadeiramente vocacionados e capacitados para fazer a terra produzir. E continuo crendo que estes que hoje protestam, são usados como massa-de-manobra para interesses políticos inconfessáveis, como agora ostentam algumas faixas do MST, criticando o governo Dilma.
            Estou onde sempre estive. Quem parece ter mudado de opinião é o MST. Ainda que de forma bastante tímida, sempre há tempo para que a verdade apareça.

Tarso Francisco Pires Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel
Vice Presidente da Farsul

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