terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Entidades defendem aquisições no Brasil


Sugestão ao governo é que ajuda ao país sul-americano seja feita com arroz, leite e trigo nacionais

A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) solicitará hoje ao Ministério da Agricultura, em Brasília, a compra governamental de arroz, leite em pó e trigo brasileiros para doações à Venezuela nas operações de ajuda humanitária. Mesmo atravessando crise econômica e política, aquele país foi o maior comprador de arroz do Brasil em 2018, com aquisições no valor de 171 milhões de dólares, correspondentes a 37% do total. Diante das incertezas para 2019, o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, alerta que "não faz nenhum sentido" o governo brasileiro transportar para o território venezuelano produto que tem chegado dos Estados Unidos, principal concorrente na produção arrozeira.
Neste momento, não há estimativa do volume que poderia ser destinado para doação, até porque o governo de Nicolás Maduro continua rejeitando a entrada de alimentos e outros itens.
Para o vice-presidente da Federarroz, Alexandre Velho, que também participa da reunião com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, as compras governamentais são importantes para ajudar a enxugar os estoques. No entanto, ele ressalva que se os mecanismos de comercialização se basearem no preço mínimo, hoje fixado em R$ 36,44, não haverá vantagem para o produtor. "Já provamos para os técnicos da Conab que este valor está defasado em pelo menos R$ 5", diz o dirigente.
No caso do leite, o presidente do Conseleite, Pedrinho Signori, ressalta que o pedido de compra governamental se soma aos que o setor já vinha fazendo ao Ministério neste sentido.
MERCOSUL. Outra pauta que a Federarroz defenderá no encontro é que se estabeleçam regras para a importação do arroz do Mercosul durante um período do ano, para evitar a pressão sobre os preços internos. "Queremos que a indústria compartilhe esta pauta conosco. Temos que pensar como cadeia", diz Velho.
No entanto, parece que esta questão não terá consenso. O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), Elton Doeler, afirma que a entidade é contrária a protecionismos. "É incoerente querer abrir novos mercados protegendo o nosso". Para ele, a cadeia deveria concentrar esforços na luta pela reforma tributária e pela liberação da aquisição de insumos em qualquer país do Mercosul. "O problema que temos é a questão tributária e a falta de liberdade para o produtor fazer suas compras em outros países, buscando redução de custos e aumento de competitividade", sustenta Doeler.

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