segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Perspectivas de mercado e preços para a soja em 2017

 

O objetivo deste artigo é fazer algumas considerações sobre o cenário que contribui para o processo de formação do preço da soja ao longo do ano de 2017. Em nível internacional, a referência é dada pela Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), mas no mercado brasileiro outras variáveis também devem ser consideradas, desde o nível de estoques até a conjuntura política internacional, que tende a impactar positivamente os preços domésticos se a política comercial dos Estados Unidos entrar, de fato, em rota de colisão com os interesses europeu e chineses. Também importante e positivo para a expectativa de preços pagos aos produtores, é a projeção do Relatório Fócus do Banco Central do Brasil, que aponta para uma de taxa de câmbio ao redor de R$ 3,57 por dólar no final de 2017. Por outro lado, dados da Associa- ção Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) mostram que em 2016 os níveis de estoques brasileiros aumentaram. Assim, se a expectativa de produção se concretizar, é improvável que a demanda interna pressione por altas acima da média ao longo de 2017. Em nível global, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta uma safra recorde, mas os atuais estresses hídricos na Argentina colocam em dúvida esta projeção porque a quebra de safra no país vizinho pode se concretizar. Diante de um cenário tão propenso a flutuações, entender o momento adequado para comercializar a produção é um desafio, mesmo para profissionais que trabalham cotidianamente neste mercado, mas as análises histó- ricas podem ajudar a identificar os períodos em que o grão tende a estar mais valorizado e a análise econométrica permite compreender a magnitude da influência de cada variá- vel na formação do preço da soja. Neste contexto, destaca-se que os meses de setembro, outubro e novembro apresentam, historicamente, maiores cotações médias e os meses de março, abril e maio menores. Se somarmos isto às projeções econométricas, expectativa de desvalorização cambial, uma possível quebra na safra da Argentina e provável arrefecimento das relações comerciais dos Estados Unidos com as grandes potências econômicas da Ásia e Europa, é plausível projetar que existe espaço para elevação nos preços pagos aos produtores brasileiros ao longo de 2017. Por outro lado, recomenda-se especular apenas com o excedente, pois a conjuntura é muito dinâmica e pode mudar. Cada produtor vive a sua realidade financeira eopagamento de custeios e dívidas deve ser uma prioridade, principalmente nos momentos em que o preço de mercado cobre os custos de produção.

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