quarta-feira, 19 de julho de 2017

Commodities puxarão alta de 12,8% das exportações


AEB leva em consideração principalmente o petróleo e o minério

O comportamento das commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mer cado internacional), em especial  petróleo e minério, responderá  pelo aumento de 12,8% das expor tações neste ano, de acordo com a  revisão da balança comercial para  2017, divulgada ontem pela Associação de Comércio Exterior do  Brasil (AEB).

Os dois produtos têm grande  destaque nas exportações, segundo o presidente da AEB, José Augusto de Castro, tendo em vista o  aumento significativo registrado  tanto em quantidade como em pre ço médio para o petróleo, e em ter mos de preço para minérios. Castro  observou que também a soja terá  participação no crescimento das  exportações, devido ao aumento  da quantidade embarcada. "Esses  são os três fatores básicos que aju dam a explicar esse aumento de  12,8% nas exportações", disse.

Os dados revisados e projetados pela AEB indicam que as ex portações alcançarão US$ 209,017  bilhões, enquanto as importações  somarão US$ 145,795 bilhões, com  expansão de 6%. O superávit comercial atingirá o recorde de US$  63,222 bilhões, com alta de 32,6%.

Castro esclareceu que esse superávit recorde decorrerá não especificamente deste ano, mas de  anos anteriores, em que o País teve  uma base de exportação e impor tação muito pequena. Embora re conheça que o crescimento das ex portações acima das importações  vá ajudar positivamente no Produto Interno Bruto (PIB, soma de to dos os bens e serviços produzidos  no país), Castro disse que, "isoladamente, (superávit) é um número muito bom, mas que não gera  atividade econômica. Não tem nenhum impacto na economia brasileira, porque o que gera atividade econômica é corrente de comércio,  e não o superávit, que é feito de al guma coisa. Não é causa".

O superávit histórico da balança comercial, segundo a AEB, colocará o Brasil entre as cinco nações  de maiores superávits do mundo,  atrás de China, Alemanha, Coreia  do Sul e Rússia.

O crescimento de 12,8% das  exportações, superior ao incremento de 2% previsto para o comércio global em 2017, levará o  Brasil a ganhar uma posição no  ranking mundial de países expor tadores, subindo da 25ª para a 24ª  classificação. Castro lembrou que,  há três anos, o Brasil ocupava o  21º posto no ranking e está apenas  "recuperando um degrau perdido  no passado".

O presidente da AEB disse  que o Brasil tem muito a crescer.  No que se refere às exportações de  produtos básicos, que não dependem do país, mas do mercado ex terno, ele disse que "o Brasil está  muito bem". Ressaltou, entretanto,  que, no que depende do país, que  são as exportações de manufatura dos, "o Brasil está mal".

Segundo ele, a projeção de aumento de 6,8% para os produtos  manufaturados brasileiros neste  ano se deve, quase exclusivamente, à Argentina. Castro disse ainda  que as exportações de manufaturados do Brasil de 2015, 2016 e par te deste ano serão menores do que  foram em 2006. "Estamos 10 anos  parados no tempo." De acordo com relatório da Organização Mundial do Comércio  (OMC), o Brasil está fora das ca deias globais de valor, concentradas nos Estados Unidos e na União  Europeia, porque as exportações  brasileiras de manufaturados são  todas direcionadas para a Améri ca do Sul. "O fato de o Brasil não  integrar as cadeias globais de va lor faz com que nós vivamos um  isolamento comercial", disse.

Para Castro, a tendência é piorar, porque, em 2018, haverá a reoneração tributária e previdenciária,  que entrará em vigor em janeiro;  e isso, segundo ele, vai aumentar  os custos de produção entre 4% e  6%, retirando a competitividade do  produto brasileiro. Nos últimos cinco anos, as exportações sofreram  quedas consecutivas e acumuladas em 27,7%.

Nenhum comentário:

Postar um comentário