terça-feira, 27 de novembro de 2018

Para futura ministra da Agricultura, o Brasil tem ferramentas para garantir a sustentabilidade.

A atuação da futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina, hoje deputada federal pelo Estado de Mato Grosso do Sul e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), ficou marcada nos últimos anos pela defesa à aprovação do Projeto de Lei 6.299, que flexibiliza as regras para fiscalização e aplicação de agrotóxicos no País. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, ela afirmou que respeitará na sua gestão o Código Florestal, que considera muito bom, mas sem "radicalizar".
1- Como a senhora pretende tratar a sustentabilidade em sua gestão à frente do Ministério da Agricultura?
Seguindo a lei, temos o Código Florestal, que é muito bom. Nós temos várias ferramentas que foram feitas ao longo deste ano e que são muito importantes. O que não podemos é radicalizar.
Temos de desenvolver o País, temos de fazer comida para os brasileiros e para o mundo. Eu ouso dizer que teríamos de mexer muito pouco. Por exemplo, fiquei muito feliz com a irrigação vindo para a Agricultura, porque se tivermos uma política de irrigação bem feita com o Meio Ambiente nos ajudando a formular, com sustentabilidade, vamos poder duplicar nossa produção e chegar a fazer três safras por ano em alguns lugares. Outra coisa é que vamos reforçar a ligação entre a Agricultura e Meio Ambiente. As pastas vão ter de se conversar.
2- A participação do Brasil no Acordo de Paris é importante para que o Brasil consiga abrir novos mercados e manter parceiros comerciais.
Como a senhora vê a participação do País no acordo ?
Não vejo nenhum problema.
Acho que o acordo pode até mostrar que o Brasil está fazendo a coisa certa. Ele pode mostrar para o mundo o que o Brasil já faz pelo meio ambiente e pelo desenvolvimento sustentável.
3- Isso quer dizer que a senhora defende a permanência do País no acordo?
Eu acredito nisso sim.
4- Os sistemas de integração lavoura-pecuária ou integração lavoura-pecuáriafloresta (ILPF) são vistos como importantes ferramentas para aliar o agronegócio à preservação do meio ambiente.
Porém, a adesão no País ainda tem de avançar muito. Como fomentar o crescimento desses sistemas?
Primeiro, fazendo seminários e divulgando mais esses sistemas, mostrando que onde eles estão implantados, eles funcionam superbem e os produtores estão muito satisfeitos. O que precisa agora é facilitar um pouco, porque às vezes existe tanta burocracia para a adoção da tecnologia que as pessoas preferem deixar de lado. Há recursos, como os do Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono). Mas precisamos pensar em mais incentivos, talvez selos de qualidade, bonificações na hora de pegar o financiamento.
5- Mas a adesão ao crédito para o Plano ABC ainda é baixa. É porque é muito difícil de pegar esse crédito.
Há muita dificuldade de conseguir esse programa. Precisamos ver qual é o gargalo para que isso aconteça e possa ser aumentado.
6- Como o Brasil deve atuar na conquista e manutenção de mercados externos no setor agropecuário?
A manutenção é fundamental.
Sobre a conquista, estou trabalhando para dar um peso grande à Secretaria de Relações Internacionais, porque pretendo dar continuidade ao trabalho do ministro Blairo Maggi e trabalhar bem focada em quais são os mercados que queremos atingir.
A confiabilidade do serviço agropecuário vamos ter de trabalhar bem e a imagem do Brasil também. Tanto é que já conversamos com o futuro chanceler, o embaixador Ernesto (Araújo), que nos procurou logo na sua primeira semana de indicado. A ideia é que a gente possa integrar mais a Agricultura com o Ministério de Relações Exteriores para que eles também nos ajudem na divulgação e na mudança da imagem do Brasil lá fora. Outra coisa é estar sempre perto dos segmentos exportadores mostrando para eles o que é que estão querendo lá fora e o que temos de fazer aqui para dar a credibilidade que o Brasil precisa no exterior e incentivar a vinda de missões.
Tenho um pedido de mais de dez embaixadas que querem nos visitar e isso mostra a importância do Brasil no agronegócio do mundo.
7- O que a senhora pretende fazer para proteger a renda do produtor? Temos de mostrar cada vez mais a qualidade do produto brasileiro.
Precisamos abrir novos mercados, para não ficarmos na mão só de um grande comprador, como é o caso da China, que se de repente, dá alguma trombada, pode nos prejudicar. Precisamos prospectar e ainda há muita coisa para avançarmos.
8- Como a senhora pretende agir em relação à concentração de mercado no setor frigorífico? Vamos ter de formular a política. Temos de incentivar financiamentos, linhas de crédito para os melhores, acho que você tem aí a inspeção estadual que, se bem implementada, pode trazer médias e pequenas plantas, principalmente os pequenos e o que precisamos é que também as plantas pequenas façam uma adequação para as regras internacionais para que elas estejam inseridas nesse mercado e para atender a outros países.

Nenhum comentário:

Postar um comentário