terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O debate retórico e o debate informado

A crônica do naufrágio do Titanic registra que, enquanto o navio afundava, cavalheiros jantavam ao som de violinos e conversavam sobre temas triviais, como corrida de cavalos e jogo de bridge. De tempos em tempos, os países vivem uma espécie de "síndrome do Titanic".Existem assuntos urgentes para resolver, mas eles somem do debate público. E, em vez de conversar sobre os problemas reais, fica-se falando sobre questões imaginárias.
Um exemplo disso foi a campanha eleitoral do ano passado. Sentiam-se os primeiros efeitos da crise econômica que explodiria neste ano. E qual era o tema da campanha eleitoral?Um embate imaginário de ricos contra pobres.
Os ricos, na propaganda política, iam tirar a comida do prato dos pobres. Depois da eleição, a crise econômica explodiu - e a comida efetivamente sumiu do prato dos pobres, com a inflação que levou ás alturas o preço de tudo.O que reafirmou uma obviedade: o mundo é mais complexo que a retórica oca de um Fla-Flu social.
Se estivessem preocupados com o iminente naufrágio da economia, os políticos brasileiros teriam usado a campanha eleitoral para o debate que importa. O Brasil gasta mais do que arrecada. Essa situação leva, inevitavelmente, á inflação, ao desemprego -e, como se viu agora, á alta do dólar, que gera mais inflação e mais desemprego. A verdadeira discussão é sobre onde cortar, de forma a abrir mão do supérfluo e preservar o essencial. E, a partir da definição sobre o que é supérfluo e o que é essencial,  definir um projeto de país. 

Fonte: Revista Época / João Gabriel de Lima (Diretor de Redação) 

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