terça-feira, 6 de setembro de 2016

Devassa nos Fundos de Pensão

De nome pouco compreensível para os leigos, a Operação Greenfield, deflagrada no dia em  que a Lava Jato completou dois anos, nada mais é do que uma devassa sem precedentes nos fundos de pensão das principais estatais.
Os alvos são a Fancef (dos funcionários da Caixa Econômica Federal), a Previ (Banco do Brasil, a Postalis (Correios) e a Petros (Petrobras). São fundos bilionários que concentram boa parte da poupança brasileira e que estão sendo investigados por suspeita de fraude e de má gestão. O nome Greenfield é associado a negócios incipientes, o que sugere investimentos em empresas pouco sólidas ou que só existiriam no papel.
No inicio dos anos 1990, os fundos de pensão tiveram um papel importante privatizações. Na venda da Usiminas, em 1991, o maior deles, a Previ, que nasceu em 1904, ficou com 14,94% das ações.
Recentemente, nas concessões de aeroportos, Previ, Petros, Funcef e outras fundações entraram no negócio como parceiros de empresas privadas.
Formados pela contribuição dos empregados e das estatais, esse fundos bancam aposentadorias, planos especiais de saúde e até financiamentos de imóveis. No passado, o funcionário entrava com uma parte e a empresa com duas. A partir de 1998, adotou-se a paridade das contribuições.
Naturalmente, os fundos precisam investir em negócios que combinem rentabilidade e solidez, para garantir que o patrimônio dos associados seja preservado. Por gestão temerária, a Aeus, fundo de pensão dos empregados da Varig, quebrou, deixando milhares de contribuintes a ver nuvens.
No caso dos investigados na Greenfield, há tempos soaram alertas de rombos bilionários, decorrência de desvios e de investimentos malfeitos. Desde o início da Lava-jato, fala-se da necessidade de abrir a caixa-preta do fundo de pensão e do BNDES.
Não deveria ser assim, nas s fundos acabaram afetados pelas disputas políticas e entram no leilão de cargos. Como é o governo que indica o presidente e a maior parte da diretoria, acaba tendo controle sobre as decisões de investimentos.Há fortes indícios de fraude e de direcionamento de investimentos por interesse ideológico ou por arranjos com financiadores de campanhas eleitorais.
A Postalis, por exemplo, teve um prejuízo bilionário de 2011 a 2014 e aumentou o desconto dos funcionários dos Correios para cobrir o rombo. O fundo investiu, por exemplo em empresas de Eike Batista quando já sabia que não eram sólidas, em papéis podres da dívida da Argentina e ações da estatal de petróleo da Venezuela, a PDVSA, que perderam valor.
Na operação dessa segunda-feira, apareceu uma teia de relações que unem personagens conhecidos de outras investigações, Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, que estava negociando delação premiada com o Ministério Público, João Vacarri Neto ex-tesoureiro do PT, preso em Curitiba, e dirigentes da Engevix e da W.Torre.
  

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