quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Mais uma inovação a serviço do ambiente

Desde a aprovação do novo Código Florestal Brasileiro, que trouxe uma definição sobre a recuperação de áreas florestais particulares no país, a maior indagação é: qual o custo disso para o produtor?

A resposta mais próxima pode ser obtida a partir de hoje com o lançamento da plataforma #Quanto é? Plantar floresta, que pretende auxiliar proprietários rurais em todo o país a calcular o investimento médio necessário para a recuperação da Reserva Legal e de Áreas de Proteção Permanente.

Alocada no site do Instituto Escolhas - chancelado por um conselho científico de nomes estrelados da economia, como Marcos Lisboa e Bernard Appy -, o produtor poderá fazer uma simulação de gastos a partir de combinações sugeridas para o reflorestamento. Com um detalhe: a plataforma identifica se é possível obter algum retorno financeiro com a área recuperada, já que a lei ambiental agora permite a exploração comercial de até 50% da Reserva Legal - com o subsequente plantio.

Para o cálculo de investimento, o Instituto Escolhas levou em consideração os custos médios referenciais da madeira em pé em cada região do país, estendendo-se para mão de obra, insumos, combustível e hora-máquina por hectare. O produtor pode escolher o tipo de restauração mais pertinente à sua propriedade - o plantio integral com sementes, com mudas nativas, o consórcio de nativas com eucalipto ou a simples restauração passiva (o isolamento da área para que a mata se regenere sozinha), entre outras possibilidades. A partir dessas escolhas, o retorno pode ser maior, menor ou inexistente.

"Em geral, o gasto com reflorestamento é maior que o retorno obtido, mas consideramos só o corte de madeira no cálculo financeiro", afirma Shigueo Watanabe, coordenador de um estudo econômico para recuperação florestal, lançado em maio pelo instituto, e que balizou a criação da plataforma.

Um atrativo, diz ele, está no fato de todos os números da base de dados para os cálculos serem abertos. A planilha pode ser exportada, permitindo que outras variáveis sejam incluídas - um produtor que tenha árvores frutíferas que gerem renda além da madeira, por exemplo, ou a produção de mel associada ao plantio de eucalipto.

"Queremos deixar o produtor brincar com a planilha", diz Sérgio Leitão, ex-Greenpeace, membro do conselho diretor do Escolhas.

A plataforma foi desenvolvida por economistas e engenheiros florestais do Escolhas à luz do compromisso brasileiro de recuperar 12 milhões de hectares de florestas até 2030 firmado no Acordo de Paris sobre mudanças climáticas - área do tamanho da Inglaterra, o que exigiria o plantio de 8 bilhões de árvores. Por isso, além de auxiliar na tomada de decisão particular, a plataforma pretende ajudar a roteirização de políticas públicas, como crédito para o reflorestamento, afirma Leitão.

Fundado em 2015, o Escolhas é um "think tank" com o objetivo de traduzir, numericamente, os impactos econômicos, sociais e ambientais de decisões públicas e privadas. Por isso, seu conselho científico é reforçado com economistas de peso, como Marcos Lisboa (ex-secretário de Política Econômica no Ministério da Fazenda), Bernard Appy (Centro de Cidadania Fiscal) e Daniel Gleizer (ex-BC).

O #Quanto é? Plantar floresta abre também uma linha de plataformas programadas com abordagens econômicas envolvendo questões ambientais. O instituto deverá lançar ainda este ano uma ferramenta voltada a energias renováveis. Segundo Watanabe, a intenção, neste caso, é averiguar quanto um mix de fonte solar e eólica na matriz energética impactaria no PIB, no emprego e na balança comercial do país, por exemplo.

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