segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Agricultor está sujeito a multas e pode perder suas plantações

O chefe da Divisão Técnico Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Dutra Silva, afirma que é difícil formar uma estatística da quantidade apreendida de defensivos agrícolas no Brasil, uma vez que a fiscalização é feita por um grande número de instituições, como o pró- prio Ibama, a Polícia Federal, a Brigada Militar, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e Secretarias de Agricultura, entre outras. Destaca, entretanto, que o problema não está apenas no produto ilegal que entra no país, mas na possível aplicação destas substâncias pelo agricultor. "As punições para quem é flagrado com estoques de produtos irregulares variam de R$ 500 a R$ 2 milhões. Para quem aplica, além da multa pecuniária, pode acarretar a perda total da lavoura", adverte.
No ano passado, em Bagé e Uruguaiana, lavouras com um total de 180 hectares foram embargadas e decretadas como totalmente perdidas por terem sido pulverizadas com químicos não reconhecidos pela legislação.
O analista ambiental diz que, desde o ano passado, as operações voltadas para o contrabando de agrotóxicos têm aumentado, o que não quer dizer que mais produtos ilegais tenham entrado no país. Segundo Silva, o maior número de apreensões, autuações e multas varia de acordo com a disponibilidade de recursos das instituições para a organização de operações individuais ou conjuntas. "Neste ano e no ano passado, os órgãos de controle conseguiram dar mais atenção ao assunto, mas nem sempre é assim", pondera.
A Operação conjunta feita em outubro pelo Ibama, Secretaria de AgriculturaPecuária e Irrigação (Seapi) e Anac, nas região de Itaqui, São Borja e Uruguaiana, foi a maior de 2017 no Rio Grande do Sul. Cinco aeronaves e 16 toneladas de sementes de arroz contaminadas com pesticidas ilegais foram apreendidas. As multas ultrapassaram R$ 1,5 milhão. O balanço das operações do Ibama indica que o volume de multas mais que triplicou de 2015, quando somou R$ 1,77 milhão, para 2017, quando chegou a R$ 6 milhões. Nos últimos três anos, foram aplicados 181 autos de infração, aprendidas 8,2 toneladas e 2,5 mil litros de defensivos nas áreas de fronteiras entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai.
Rafael Friedrich de Lima, chefe da Divisão de Insumos e Serviços Agropecuários da Seapi, acredita que vai ser possível mapear o consumo de agrotóxicos no Estado quando estiver abastecido o Sistema Integrado de Gestão de Agrotóxicos (Siga), lançado em junho deste ano. A ferramenta irá cruzar informações do comércio e do receituário agronômico para estabelecer estatísticas. "As operações de fiscalização são desenvolvidas de forma permanente pela divisão. Há dois anos conseguimos, por meio da Comissão de Fiscalização do Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, aproximar os órgãos de controle e melhorar as ações", diz.
Lima aponta as regiões de fronteira, com destaque para Jaguarão, São Borja e Uruguaiana, como as principais portas de entrada de defensivos fraudulentos em solo gaúcho. "Pretendemos em 2018 manter esta aproximação com os demais órgãos fiscalizadores, pois isto otimiza os gastos públicos e aumenta a abrangência das ações", acentua. A secretaria, lembra Lima, faz um trabalho sistemático de conscientização dos agricultores para que utilizem em suas propriedades apenas marcas de agrotóxicos registrados, desconfiem de preços muito atrativos e de ofertas na Internet e observem rótulos com informações bem escritas e sem erros de português.

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