quarta-feira, 9 de maio de 2018

AGROTÓXICOS Marco regulatório volta a provocar polêmicas


Análise preliminar das mudanças no sistema de registro está no fim e matéria vai para votação em breve
A Comissão Especial criada pela Câmara dos Deputados para analisar o projeto de lei (PL) que propõe um novo marco regulatório para o uso de agrotóxicos no país se reuniu ontem, em Brasília, e deve aprovar seu relatório até a semana que vem. O texto, do deputado Luiz Nishimori, considera constitucional o PL. Após esta etapa, a matéria estará pronta para ser apreciada pelo plenário. O deputado Covatti Filho, que é autor do PL 3200/2015, apensado ao texto original (PL 6299, de 2002), diz que o tema é polêmico e, por isso, tem obedecido todo o rito processual. Segundo o parlamentar, o PL de sua autoria propõe uma nova forma de registrar defensivos agrícolas no país. "Hoje, os defensivos demoram de oito a dez anos para serem registrados. Se aprovado o projeto de lei, este tempo poderá diminuir para um a dois anos", afirma, enfatizando que, com esta agilização, o agricultor terá acesso mais rápido a novas tecnologias que, geralmente, reduzem custos de produção. Covatti Filho garante ainda que nenhum órgão que participa do registro dos agrotóxicos será excluí- do e ressalta que haverá uma "mesa redonda para todas as entidades analisarem os processos juntas", evitando a "gigantesca" burocracia atual. Segundo o deputado, hoje o processo passa pela Anvisa e segue, sucessivamente, para os ministérios da Saúde, da Agricultura o do Meio Ambiente para, enfim, voltar à Anvisa. Contrária ao PL, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) emitiu nota, na segunda-feira, afirmando que, se aprovada, a matéria "irá fragilizar o registro e reavaliação de agrotóxicos no país, que hoje tem uma das leis mais avançadas no mundo no que se refere à prote- ção do ambiente e da saúde humana". Segundo a Fiocruz, com as mudanças propostas no projeto, Ibama e Anvisa passarão a ter "papel meramente consultivo" e as decisões técnicas ficarão "nas mãos do mercado". O Ibama também rechaça o projeto, argumentando que "são propostas excessivas simplificações ao registro de agrotóxicos". Para o Ministério Público Federal (MPF), o PL 6299 viola pelo menos seis artigos da Constituição Federal. Segundo o MPF, a atual legislação veda o registro de substâncias que tenham características teratogênicas, carcinogênicas ou mutagênicas, ou provoquem distúrbios hormonais e danos ao sistema reprodutivo, enquanto o PL abre caminho para essas substâncias serem registradas.

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