O impacto gerado pelas lavouras gaúchas na
economia vai além da sua receita. Levantamento realizado pela Farsul aponta que
cada R$ 1,00 do PIB gerado no campo significa R$ 4,02 para o Rio Grande do Sul.
Antes mesmo que a primeira semente germine, a agricultura inicia uma
movimentação que se estende após a colheita. O objetivo do estudo é mostrar que
o agronegócio não envolve apenas um setor, mas trata-se de um processo que
integra também a indústria e o comércio, com geração de empregos e arrecadação
para o estado. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, (9/5) na sede da
Federação.
A estimativa é de que o valor bruto da
produção agropecuária do Rio Grande do Sul em 2018 será de R$ 39,1 bilhões, um
crescimento de 12,2% na comparação com 2017. Milho (25,4%) e soja (25,2%) são
os principais responsáveis pelo aumento. O levantamento mostra que 66% desse
valor são para cobrir os custos operacionais como indústrias de fertilizantes,
químicas, metalmecânica, e também seguradoras, instituições financeiras e
serviços especializados, entre outros.
O movimento tem sequência depois que a
safra deixa a porteira. A produção serve de matéria-prima para outros setores
que irão agregar valor a ela. Conforme a Farsul, somente o PIB da agricultura
chegará a 32,1 bilhões em 2018 que, ao final de todo o processo se transformará
em 129,3 bilhões, o equivalente a 40% do Produto Interno Bruto do Rio Grande do
Sul.
Para o presidente do Sistema Farsul,
Gedeão Pereira, é preciso compreender que o funcionamento da economia mudou.
“Não somos mais a atividade primária, mas sim a primeira, por ser a mais
importante no Rio Grande do Sul. Injetamos 26 bilhões em outros setores apenas
para garantir a nossa produção. Até chegarmos ao grão, uma grande roda se movimenta”,
afirma.
Na mesma linha, o economista-chefe do
Sistema Farsul, Antônio da Luz, lembra que a divisão da economia em setores
primário, secundário e terciário é de 1932 e precisa ser atualizada. “Muitas
pessoas ainda acreditam que a agricultura é a mesma de cem anos atrás e isso
não acontece mais. O faturamento vem da inserção de tecnologias na agricultura.
Dois terços da riqueza gerada pelo campo são em setores não agrícolas. Pessoa
que estão produzindo na indústria ou serviços no meio urbano, mas é a entrada
da safra que garante a continuidade daquele negócio”, explica.
O economista rebate as críticas de que as
exportações do setor não possuem valor agregado. “O que vem por trás de um grão
é uma quantidade enorme de pesquisas, investimentos e tecnologia. Quem afirma
não haver valor é por falta de desconhecimento por manter uma visão antiga”,
conclui. Além do cenário geral, o levantamento também traz os dados dividido em
regiões.
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