quarta-feira, 20 de junho de 2018

LEITE Alta acumulada no ano é de 25%


Entressafra e paralisação do transporte reduziram oferta e, com isso, preço ao produtor reagiu
A oferta restrita no mercado interno, ocasionada pelo período de entressafra e o descarte de milhões de litros durante a paralisação dos caminhoneiros, sustentaram o movimento de alta nos preços do leite em maio. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), o preço médio recebido pelo produtor pelo litro de leite entregue no mês passado foi de R$ 1,1936 no Rio Grande do Sul, 10,34% acima do valor praticado em abril, de R$ 1,0817. De janeiro a maio, a elevação acumulada é de 25,8%. A pesquisadora da equipe de Leite do Cepea, Natália Grigol, estima que os preços de junho e julho devem continuar firmes em função da baixa oferta de matéria-prima. Em recente estudo, o Rabobank estimou que a captação recuou 20% no país apenas em maio. Para Natália, esta situação é resultado do desestímulo do produtor, que recebe preços defasados desde o ano passado. "Houve um número grande de vacas abatidas e muitas famílias optaram por desistir da atividade", observou. O vice-presidente da Associação Gaúcha de Laticinistas e Laticínios (AGL) e diretor do Instituto Gaúcho do Leite (IGL), Ernesto Krug, avalia que os baixos investimentos em pastagens de inverno irão contribuir para manter retraída a captação de leite e os preços em alta "possivelmente" até agosto. "A indústria deve praticar preços mais altos para tirar margens de lucro e para repassar ao produtor para que ele não se desestimule ainda mais", diz, ao enfatizar que a elevação nos valores apenas coloca as empresas em modo de sobrevivência e não em situação financeira favorável. EXPORTAÇÕES. O cenário de produção limitada e o esvaziamento dos estoques também ajudam a explicar a queda nas exportações de lácteos. Segundo o Cepea, em maio, o volume embarcado pelo Brasil chegou ao menor patamar desde 2010, totalizando 2,4 milhões de litros, com recuos de 55,1% em relação a abril e de 65,4% na comparação com maio do ano passado. Em seu relatório de comércio exterior, publicado na semana passada, a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) apontou uma queda de 97,6% no volume exportado pelo Estado, de janeiro e maio deste ano na comparação com igual período do ano passado, de 1,247 milhão de quilos para 29,5 mil quilos, e de 98,4% no valor, de 7,2 milhões de dólares para 109 mil dólares. O economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, explica que o motivo principal para o embarque ter despencado foi a oferta restrita dos últimos meses e também o impacto da greve dos caminhoneiros, já que, por conta da perecibilidade, o leite não pode esperar para ser escoado. Na comparação entre os valores da importação acumulados de janeiro e maio de 2017 e 2018, a queda é de 58,5%, de 52,5 milhões para 21,7 milhões de dólares, segundo a Farsul. O recuo deve-se à alta do dólar e o desaquecimento do consumo interno.

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