Entressafra e paralisação do
transporte reduziram oferta e, com isso, preço ao produtor reagiu
A oferta restrita no mercado interno, ocasionada pelo período de
entressafra e o descarte de milhões de litros durante a paralisação dos
caminhoneiros, sustentaram o movimento de alta nos preços do leite em maio.
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), o
preço médio recebido pelo produtor pelo litro de leite entregue no mês passado
foi de R$ 1,1936 no Rio Grande do Sul, 10,34% acima do valor praticado em
abril, de R$ 1,0817. De janeiro a maio, a elevação acumulada é de 25,8%. A
pesquisadora da equipe de Leite do Cepea, Natália Grigol, estima que os preços
de junho e julho devem continuar firmes em função da baixa oferta de
matéria-prima. Em recente estudo, o Rabobank estimou que a captação recuou 20%
no país apenas em maio. Para Natália, esta situação é resultado do desestímulo
do produtor, que recebe preços defasados desde o ano passado. "Houve um
número grande de vacas abatidas e muitas famílias optaram por desistir da
atividade", observou. O vice-presidente da Associação Gaúcha de
Laticinistas e Laticínios (AGL) e diretor do Instituto Gaúcho do Leite (IGL),
Ernesto Krug, avalia que os baixos investimentos em pastagens de inverno irão
contribuir para manter retraída a captação de leite e os preços em alta
"possivelmente" até agosto. "A indústria deve praticar preços
mais altos para tirar margens de lucro e para repassar ao produtor para que ele
não se desestimule ainda mais", diz, ao enfatizar que a elevação nos
valores apenas coloca as empresas em modo de sobrevivência e não em situação
financeira favorável. EXPORTAÇÕES. O cenário de produção limitada e o
esvaziamento dos estoques também ajudam a explicar a queda nas exportações de
lácteos. Segundo o Cepea, em maio, o volume embarcado pelo Brasil chegou ao
menor patamar desde 2010, totalizando 2,4 milhões de litros, com recuos de
55,1% em relação a abril e de 65,4% na comparação com maio do ano passado. Em
seu relatório de comércio
exterior, publicado na semana passada, a Federação da Agricultura do
Rio Grande do Sul (Farsul)
apontou uma queda de 97,6% no volume exportado pelo Estado, de janeiro e maio
deste ano na comparação com igual período do ano passado, de 1,247 milhão de
quilos para 29,5 mil quilos, e de 98,4% no valor, de 7,2 milhões de dólares
para 109 mil dólares. O economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz,
explica que o motivo principal para o embarque ter despencado foi a oferta
restrita dos últimos meses e também o impacto da greve dos caminhoneiros, já
que, por conta da perecibilidade, o leite não pode esperar para ser escoado. Na
comparação entre os valores da importação acumulados de janeiro e maio de 2017
e 2018, a queda é de 58,5%, de 52,5 milhões para 21,7 milhões de dólares,
segundo a Farsul.
O recuo deve-se à alta do dólar e o desaquecimento do consumo interno.
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