quarta-feira, 6 de junho de 2018

Tabela de frete paralisa mercado


Uma das medidas adotadas pelo governo federal em meio à paralisação dos caminhoneiros, a tabela de preços mínimos de frete para os motoristas autônomos está tendo efeito colateral indesejado. Cerealistas pararam de carregar e tradings e corretoras deixaram de fazer negócios no Rio Grande do Sul, a exemplo do que vem ocorrendo em outros Estados.
- O mercado está parado. Ninguém quer fazer nada: vender, comprar, transportar. Não querem mexer sem saber o que vai acontecer. Só contrata quem precisa mesmo - afirma o consultor em agronegócio Carlos Cogo.
Vicente Barbiero, presidente da Associação de Empresas Cerealistas do Estado (Acergs), que tem 60 associadas, confirma que os carregamentos estão suspensos:
- Paramos quando terminou a greve e ficamos cientes dessa tabela de valores. Nos manteremos assim até quando governo decidir revê-la.
Uma comitiva da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (Acebras) abriu frente de negociação em Brasília, para tentar reverter os preços fixados na tabela.
Se a iniciativa for infrutífera, a entidade promete recorrer à Justiça.
O principal argumento é de que a tabela ampliou os custos. Barbiero explica que a tarifa do frete aumentou mais de 40%. Para o produtor, isso pode significar perda de até R$ 4 no valor da saca de soja:
- A uma distância de 680 quilômetros, pagávamos R$ 95 por tonelada. Agora, para esse mesmo trajeto, o valor subiu para R$ 140.
Luis Fernando Fucks, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS), afirma que a medida é um "tiro que acabou saindo pela culatra". Ele diz que grandes empresas do Estado enviaram comunicados sobre a suspensão dos carregamentos.
A Aprosoja de Mato Grosso - que é o maior produtor nacional do grão - também relata cenário de operações e carregamentos parados por conta da medida.
- Ter uma tabela de preço mínimo de frete é algo que não existe, é interferir no mercado - opina Cogo.
NEGÓCIO TIPO EXPORTAÇÃO
A exportação de gado em pé não é estratégia de mercado exclusiva dos produtores brasileiros. Em busca de fontes mais rentáveis de venda, pecuaristas do Chile e do Uruguai estão comercializando parte dos rebanhos das raças europeias para China, Turquia e Egito.
- Essa tem sido importante alternativa comercial para os produtores de carne, especialmente os que são normalmente os mais prejudicados pela cadeia, por estarem na ponta. Em geral, são pequenos produtores e se beneficiam com a exportação - explica o gaúcho Júlio Taborda Jr., da Estância La Blanca, localizada no Departamento de Artigas, no norte do Uruguai.
O Chile produz 250 mil toneladas de carne bovina ao ano e importa 150 mil toneladas. Mesmo sem produto suficiente para abastecer o mercado doméstico, o país também exporta gado vivo, modalidade que cresceu após o recuo de consumo na Argentina, destino tradicional dos embarques.
- O Chile está enviando cerca de 50 mil animais vivos para a China - conta o veterinário Armin Renner, que administra a propriedade Fundo Lago Ranco, na localidade de Riñinahue, na província del Rancon, no Sul.
Os dois participaram da 13ª Jornada Nespro, que continua hoje na Faculdade de Agronomia da UFRGS, na Capital.

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